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21-06-2005

Que Europa?


Editorial

O Conselho Europeu, reunido no passado fim-de-semana, em Bruxelas, decidiu fazer “uma pausa para pensar”.

Fico na dúvida, se fazem agora a pausa porque não pensaram antes o que deviam ter discutido ou se vão dar “um tempo” para reflectir, como o normalmente fazem dois amantes em fim de ciclo, quando já não se entendem.

Em qualquer dos casos, é claro que a situação é melindrosa e Durão Barroso, que se encheu de pressa para desocupar o lugar de PM de Portugal, deve estar ruído de desgosto por ver o buraco onde acabou por se ir meter. A evidência é constatada no final da cimeira pelo PM Luxemburguês Juncker, sob o pesaroso olhar de Durão Barroso: "As pessoas não dirão que a Europa está em crise. Está, sim, numa crise profunda".

Foi, dizem os comentadores, um confronto entre franceses e ingleses que fez abortar um acordo. Assim, o PM britânico, Tony Blair, só aceitaria negociar o reembolso que vem recebendo, com uma profunda reforma de todo o sistema de financiamento da UE, ou seja, reestruturar por exemplo, o mecanismo de subsídios aos agricultores, no quadro da Política Agrícola Comum (PAC) tão caro aos franceses. Jaques Chirac opôs-se, simplesmente. O alemão Shroeder lamentou-se. No meio da confusão, outros Estados, como a Holanda, Alemanha e a Suécia, pretendem reduzir as suas prestações financeiras à EU. Os mais pobres como Portugal, até já admitiam ver enfraquecidos os seus subsídios, mesmo sob o discurso de vitória negocial do PM português.

A criação desta Europa serviu em tempos de crescimento. Por conveniência de mútua e não pelo espírito de união que todos juraram. Os mais pobres, porque deslumbrados com os fundos europeus que, na generalidade, gastaram mal, como Portugal, viram na Europa uma espécie de árvore das patacas embora com prazo de extinção anunciado. Como sempre, só se olhava para o fruto e não para as pequenas letras dos contratos. Para os mais ricos, o móbil foi a criação de um mercado único com um potencial de crescimento até aos quatrocentos milhões de consumidores (como hoje é) e as oportunidades de negócio vindouras. Eram só vantagens? Mas, em regra, os acordos mal negociados e em que todos só vêm vantagens e não partilha, tendem a terminar em tempos de vacas magras ou seja de dificuldades. Na primeira grande contrariedade, os mais ricos reclamaram das contribuições de equilíbrio como mais impostos e os mais pobres, sentem na pele a falta de solidariedade e o desejo da União. Assim, cresce a desconfiança entre os Estados e a Europa proposta torna-se uma visão longe da realidade para os povos europeus, qualquer que seja a forma como ainda é vendida pelos políticos. A ideia de união não pode ser só uma ideia económica ou social, tem que ser uma vontade sentida por todos. E essa vontade parece não existir. As lideranças fortes também ajudam criar esta motivação e a Europa sempre funcionou com um galinheiro com demasiados poleiros e muitos galos de fama.

Depois dos referendos negativos em França e na Holanda, estava-se mesmo a ver que esta Europa, dirigida actualmente por políticos autistas e vaidosos, que pretendem negociar apenas uns cobres, que acham que o povo de cada País natal pensa como eles e que são permeáveis a demasiados interesses multinacionais, só poderia dar no que deu.

Em vez de utilizarem positivamente a chicotada psicológica ou a reprimenda que os povos de França e Holanda deram, aproveitaram a ocasião para mostrarem tudo quanto nos desune e esforçaram-me por evidenciar quanto é difícil prosseguirmos juntos e dizerem; “paramos para pensar”. Lavaram a roupa suja, mas parece que não querem recuperar o tempo que esta vai demorar a secar para relançar o diálogo. Fugiram às suas responsabilidades delegando no povo essa incumbência através de consultas populares. Preparavam-se para fazer tantos referendos quantos fossem necessários até à vitória final. Como correu mal zangaram-se as comadres.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada


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